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Mais do que um termo da moda, “sustentabilidade” parece ser uma diretriz para grandes empresas do mundo, com preocupações ambientais na ordem do dia. Esse tem sido um tema de preocupação para o ecossistema das criptomoedas por causa da grande quantidade de energia gasta na mineração das cripto e a execução dos blockchains. Segundo o Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index (CBECI), as minas de bitcoin consomem anualmente por volta de 114 TWh (terawatt, ou um trilhão de watts), ou 0,5% da produção mundial de eletricidade. Já o gasto da rede da Ethereum, cerca de 27 terawatts por ano.

Além e tokens “ecologicamente corretos” como a Chia (XHC), agora a Enjin aposta numa revolução verde, que revê o uso exorbitante de eletricidade. A empresa de serviços em blockchain em março uniu-se ao aplicativo de games sul-coreano GameTalkTalk para produzir tokens não fungiveis (NFTs) sustentáveis.

Assim como as criptomoedas, os NFTs são criticados pelo alto consumo energético necessário para realizar seu registro e processar suas transações. A GameTalkTalk então passou a disponibilizar para seus 3 milhões de usuários a solução sustentável da Enjin para a geração dos tokens de jogos, incluindo itens para personalizar avatares e casas in-game.

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Maxim Blagov, CEO da Enjin, afirmou em comunicado que “Essa é uma oportunidade única de mostrar às empresas que podem trazer novos usuários para os games de uma maneira sustentável… Todos concordamos que deve existir uma maneira de conseguir isso [geração de tokens] sem sacrificar o planeta”.

Neutralidade em carbono

Fundada em 2009, em Cingapura, a Enjin possui um blockchain próprio, que busca se aproximar da neutralidade nas emissões de carbono chamado JumpNet, consumindo “apenas” 30 milhões de watts anualmente. A empresa é responsável pela criação do padrão de token ERC-1155 e emite sua própria moeda, a Enjin Coin (ENJ), que valorizou 3.000% este ano.

Utilizando esse sistema, os NFTs gerados por ela consumiriam menos de 0,1% do que tokens criados através da rede da Ethereum. A energia utilizada pela empresa para manter seu blockchain sustentável é limpa em emissões de carbono. Segundo seus diretores, o objetivo é incentivar o mundo físico para a tokenização sem agredir o planeta.

A iniciativa da Enjin chama atenção pelo fortalecimento do “Crypto Climate Accord” ou “Acordo Climático do Cripto”, em tradução livre. O objetivo é “descarbonizar” a indústria da criptografia e oferecer alternativas ecologicamente sustentáveis.
Esse tipo de preocupação passou para o topo da lista após Elon Musk, CEO da Tesla, ter criticado publicamente o bitcoin pelo alto consumo de energia usada para mineração, e anunciado que a empresa não aceitaria mais a criptomoeda como pagamento pelos seus carros elétricos.
Argumento similar foi utilizado pelo governo chinês quando começou a fechar fazendas de mineração em seu território. As duas coisas combinadas geraram uma grande queda no preço das criptomoedas entre abril e maio, que ainda não foi revertida.
O grande problema é que, diferentemente do Brasil onde a energia vem majoritariamente de hidrelétricas, em países como Estados Unidos e China ainda existem muita produção elétrica a base de usinas de carvão, muito poluente.
Além do surgimento de novas organizações que buscam fazer a transição do algoritmo de consenso de prova de trabalho do BTC para fontes de energia mais limpas, outros projetos também possuem claras preocupações ambientais. Por exemplo, a criptomoeda brasileira MOSS (MCO2), que deseja  salvar a Amazônia oferecendo a tokenização de créditos de carbono.
Seu token proprietário reflete isso, sendo chamado de MCO2. Para quem lembra das aulas de química, CO² é a fórmula para dióxido de carbono.Esse crédito permite compensar pegada de carbono em atividades que emitem muitos poluentes. O projeto se autodenomina o “primeiro ativo digital verde do mundo” e parte dos lucros serão utilizados em projetos de reflorestamento da Amazônia.
O “Crypto Climate Accord”, lançado pela Energy Web, a Alliance for Innovative Regulation e RMI, é uma iniciativa cujo objetivo é tornar o mercado dos ativos digitais 100% movido a recursos renováveis. Embora tenha poucos associados, a expectativa é de multiplicação nos próximos anos, com diferentes projetos de criptografia já tendo essa preocupação desde o lançamento.
“Estamos felizes em ver mais projetos se juntar a esta comunidade de rápido crescimento de empresas que querem construir soluções para descarbonizar o setor de criptografia”, comentou o líder de mercados globais da Energy Web, Doug Miller.
Ele elogiou que o blockchain da Enjin, utilizando JumpNet “já consome menos energia do que a média das residências dos EUA e 99,99% menos eletricidade do que Ethereum.”
Para reforçar seu compromisso, a Enjin também adquiriu créditos de carbono por meio da Beyond Neutral, o que permitiu que ela se tornasse “carbono negativo”. Em outras palavras, a JumpNet agora está “compensando uma quantidade maior de carbono do que produz”. 
O CEO da Enjin, Maxim Blagov, destacou a importância de colocar o Planeta Terra em primeiro lugar, mas também continuar a desenvolver e inovar. Ele acrescentou, “a neutralidade de carbono para a JumpNet é um passo importante em direção à nossa visão de um ecossistema cripto sustentável para Enjin e nossos parceiros”.
Vale lembrar que um crédito de carbono é um ativo imaterial equivalente à emissão de 1 tonelada de CO² em um determinado ano por meio de projetos de conservação de florestas, reflorestamento de áreas devastadas, energia limpa, biomassa, entre outros.  Segundo uma pesquisa da Taskforce on Scaling Voluntary Carbon Markets (TSVCM) – grupo composto por mais de 40 líderes de seis continentes com experiência no mercado de carbono., essa é uma preocupação crescente e um negócio com grande potencial de expansão. A consultoria Mckinsey avalia que o tamanho do mercado de créditos de carbono ultrapasse os US$ 50 bilhões em 2030.